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Roraima espera por justiça: o silêncio do TSE e a permanência de um governo cassado

Enquanto o Tribunal Superior Eleitoral adia o julgamento do mérito contra o governador Antônio Denarium, o povo de Roraima segue refém de um sistema de dependência política, medo e omissão institucional
A Justiça tarda. E em Roraima, ela parece ter adormecido.
O governador Antônio Denarium já foi cassado quatro vezes pelo Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR). Quatro decisões distintas, amparadas por provas e processos legais. Ainda assim, ele permanece no cargo, amparado por recursos e pela morosidade que hoje paira sobre o Tribunal Superior Eleitoral.
Essa situação não é apenas um impasse jurídico. É uma ferida aberta na democracia roraimense. A permanência de um governante cassado, em plena função, diante de reiteradas denúncias e escândalos noticiados em veículos de comunicação de todo o país, desmoraliza o próprio sistema eleitoral.
O povo de Roraima – em sua maioria pobre, esquecida e dependente – assiste em silêncio. Um silêncio forçado. É preciso dizer, com todas as letras, que boa parte da população do estado vive hoje de auxílios financeiros patrocinados pelo governo estadual e pelo governo federal. São programas sociais que distribuem mensalmente dinheiro vivo, criando um sistema de dependência que paralisa o senso crítico e anestesia o debate público.
Muitos, quando entrevistados, dizem que “está tudo bem”. Não por convicção, mas por medo. Medo de perder o pouco que têm. Medo de que, com a saída do atual governador, as portas se fechem e os benefícios acabem. Esse é o retrato de uma sociedade refém — não por vontade, mas por necessidade.
Enquanto isso, o processo contra Denarium aguarda julgamento no TSE. E o tempo, esse inimigo silencioso, vai corroendo a confiança da população nas instituições.
A ministra Cármen Lúcia, atual presidente do TSE, é reconhecida nacionalmente por sua coragem, ética e compromisso com a Constituição. Por isso, este artigo é também um apelo direto à sua sensibilidade. Que não se permita que um caso tão evidente de afronta à moralidade pública permaneça ignorado por mais tempo.
Roraima precisa de ar, precisa de esperança, precisa de Justiça.
O Brasil precisa saber que ninguém está acima da Lei — ainda que governe, ainda que distribua auxílios, ainda que sustente artificialmente sua popularidade com moedas do assistencialismo.
Que o Tribunal Pleno do TSE julgue com urgência o mérito das ações contra Antônio Denarium. Que a Justiça faça valer sua força, sua voz e sua independência.
O silêncio não pode ser a última resposta.
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Por Marcelo Guerra
Jornalista Profissional – DRT 492 AM/BSB
