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BOMBA EM RORAIMA: Ministério Público pede cassação e inelegibilidade de “Helena da Asatur” por esquema de compra de votos e abuso de poder econômico

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Boa Vista (RR) – A deputada federal Maria Helena Teixeira Lima, conhecida politicamente como “Helena da Asatur”, voltou ao centro de um escândalo político de grandes proporções em Roraima.

Em parecer devastador, o Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu a cassação e inelegibilidade da parlamentar e de vários integrantes de sua família, por participação em um esquema estruturado de compra de votos, caixa dois e uso indevido da empresa Asatur — tradicional prestadora de serviços de transporte no estado.

O caso, que tramita na 4ª Zona Eleitoral de Roraima (processo nº 0600425-78.2024.6.23.0004), expõe uma teia de relações financeiras e políticas envolvendo Helena, seu marido e aliados locais durante as eleições municipais de 2024, no município de São João da Baliza (RR).

O esquema: PIX, listas e passagens gratuitas

Segundo o parecer assinado pela promotora Nayra Brandão Rocha, o grupo político comandado por Helena teria articulado um sofisticado esquema de financiamento irregular e compra de votos para garantir a reeleição do vereador Adriano Costa da Silva.

As investigações apontam o uso da empresa Asatur, pertencente à deputada, para o transporte gratuito de eleitores de outras cidades até São João da Baliza, em troca de votos.

Além disso, a denúncia descreve pagamentos em dinheiro e via PIX, com valores entre R$ 400 e R$ 1.000, repassados a eleitores e intermediários. As transações eram controladas por Dorgileia Lima Sousa (“Leinha”), Davilmar Lima Soares — esposa do vereador Adriano —, e Ana Paula Teixeira Lima, identificada como irmã da deputada federal.

Em depoimento, o ex-candidato Antônio Cézar Pereira Lima revelou que “a deputada Helena era a cabeça do esquema e dava as ordens para Dalvimar e Dorgileia”.

Outras testemunhas confirmaram o uso de listas de eleitores — chamadas internamente de “listas das B.U.s” — como base para os pagamentos e transferências.

Um dos áudios anexados ao processo mostra a própria deputada afirmando:

“Laranjeira, eu já mandei o dinheiro das suas lideranças e das B.U. tudinho aí. Agora vai uma pessoa aí fazer o pagamento tudo pra mim”.

Promotoria pede cassação e inelegibilidade por 8 anos

O MPE foi taxativo: as provas são “robustas, coerentes e complementares”, e demonstram uma ação articulada que “comprometeu gravemente a lisura e a legitimidade das eleições”.

Com base nisso, o Ministério Público Eleitoral requereu:

  • A cassação do diploma de Adriano Costa da Silva, vereador reeleito;
  • A declaração de inelegibilidade por 8 anos de todos os envolvidos: Maria Helena Teixeira Lima, Davilmar Lima Soares, Dorgileia Lima Sousa, Ivanira da Silva de Farias, Maria Aparecida da Silva de Farias e Ana Paula Teixeira Lima.

O parecer conclui que o grupo utilizou “a estrutura empresarial e recursos financeiros em favor de uma campanha local, violando o equilíbrio do pleito”.

Helena da Asatur: o retorno de um velho fantasma

Esta não é a primeira vez que o nome de Helena da Asatur aparece ligado a denúncias eleitorais e uso indevido da empresa familiar.

Nos bastidores da política roraimense, a deputada — eleita pela base do MDB — sempre foi associada ao uso político da Asatur, empresa que há anos mantém contratos com o poder público e transporte de passageiros no interior.

Fontes ouvidas pela reportagem apontam que a confusão entre os negócios da família e a atividade política é antiga. Em 2022, durante a campanha que a elegeu deputada federal, circularam denúncias informais sobre uso da frota da Asatur em carreatas e transporte de eleitores, o que nunca foi formalmente apurado.

Agora, as investigações eleitorais trazem indícios concretos de que a estrutura empresarial teria sido novamente utilizada como instrumento eleitoral, desta vez com provas documentais e depoimentos diretos.

O marido no centro da crise — e a prisão com R$ 500 mil

O escândalo ganhou contornos ainda mais graves quando, em 08 de setembro de 2024, o G1 noticiou a prisão do marido da deputada, identificado como Renildo Lima, durante uma operação da Polícia Federal contra compra de votos no interior do estado.

Segundo a reportagem, Renildo foi detido com outros cinco suspeitos, entre eles uma advogada e dois policiais militares do Bope, e tentou esconder parte dos R$ 500 mil apreendidos dentro da cueca no momento da abordagem.

A ação da PF ocorreu após uma denúncia de distribuição de dinheiro e passagens de ônibus a eleitores — modus operandi idêntico ao descrito agora na AIJE movida pelo Ministério Público.

A prisão, amplamente repercutida em portais locais e nacionais, expôs a profundidade da rede de influência e poder econômico que sustentava o grupo político de Helena da Asatur, colocando em xeque sua permanência na vida pública.

Foto: G1

Silêncio e tensão nos bastidores

Até o fechamento desta edição, Helena da Asatur não havia se pronunciado oficialmente sobre o parecer do Ministério Público.

Assessores próximos afirmam que a parlamentar pretende aguardar a manifestação da Justiça Eleitoral antes de comentar publicamente.

Nos bastidores, aliados do MDB em Roraima classificaram o parecer como uma “bomba política” e temem que o caso tenha reflexos diretos nas alianças municipais e estaduais de 2026, sobretudo nas bases ligadas ao ex-governador Anchieta Júnior e ao grupo tradicional do partido.

Análise: um caso que pode redesenhar a política roraimense

Se acatada pela Justiça Eleitoral, a decisão de cassação e inelegibilidade pode abrir uma das maiores crises políticas recentes em Roraima.

A eventual condenação de Helena representaria a queda de uma das figuras mais influentes do MDB no estado, conhecida por seu poder econômico e capilaridade eleitoral no sul de Roraima.

O processo nº 0600425-78.2024.6.23.0004 segue em tramitação sob a responsabilidade da Juíza Eleitoral da 4ª Zona, e deverá ter sentença nas próximas semanas.

Até lá, o nome de Helena da Asatur volta a circular com força — não por seus votos no Congresso, mas pelas sombras que pairam sobre sua trajetória política.

Perfeito. A seguir, apresento a seção complementar da reportagem — o box cronológico de revista com o título e subtítulo editorial, formatado como seria publicado em uma edição especial investigativa. Ele traz um retrospecto dos principais escândalos e polêmicas envolvendo a deputada Maria Helena Teixeira Lima (“Helena da Asatur”) e o marido, Antônio Cézar Pereira Lima, organizados de forma cronológica, com notas explicativas e contexto político.

A TRAJETÓRIA DE POLÊMICAS DO CLÃ ASATUR

Dos contratos públicos às urnas: o histórico de denúncias que persegue a deputada e seu grupo político

2008 — O início do império rodoviário

Ainda antes da entrada definitiva na política, Helena Teixeira Lima e o marido, Antônio Cézar Pereira Lima, consolidaram o controle da empresa Asatur Transportes, que passou a operar rotas intermunicipais em Roraima, especialmente no sul do estado.
A partir desse período, começaram as primeiras denúncias de favorecimento em licitações municipais, sobretudo em contratos de transporte escolar e de passageiros custeados por prefeituras de pequeno porte.

2012 — As primeiras acusações eleitorais

Durante a eleição municipal daquele ano, adversários políticos de São João da Baliza denunciaram o uso de ônibus da Asatur em carreatas e no transporte de eleitores, alegando desequilíbrio no pleito local.
O caso não gerou ação judicial formal, mas marcou o início do vínculo público entre empresa, poder econômico e campanhas eleitorais, que se tornaria uma constante no grupo.

2016 — O caso do transporte escolar

Reportagens locais e documentos da Câmara Municipal de Baliza citaram o nome de Antônio Cézar em um inquérito sobre contratos de transporte escolar que teriam beneficiado a Asatur.
Embora o caso tenha sido arquivado por falta de provas, a investigação expôs a promiscuidade entre o poder público municipal e os negócios da família, abrindo fissuras políticas dentro do próprio MDB.

2022 — A campanha milionária

Na eleição que garantiu a Helena uma cadeira na Câmara dos Deputados, observadores regionais registraram uma campanha de alto custo, com uso ostensivo de veículos, material gráfico e deslocamentos organizados pela estrutura da Asatur.
O nome da deputada chegou a circular em denúncias informais de abuso de poder econômico e transporte irregular de eleitores, mas nenhum processo chegou a ser instaurado à época.

2024 — A AIJE do “caixa dois” e compra de votos

O ano de 2024 marcou o ponto mais crítico da trajetória política da deputada.
A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), movida por uma candidata adversária, revelou um esquema articulado de compra de votos e uso da Asatur para transporte de eleitores em São João da Baliza.
A denúncia incluiu áudios, comprovantes de PIX e testemunhos que indicam o envolvimento direto de Helena, do marido e de familiares em um sistema de pagamento e direcionamento de votos.

2025 — Parecer devastador do Ministério Público

Em 6 de outubro de 2025, o Ministério Público Eleitoral, por meio da promotora Nayra Brandão Rocha, emitiu parecer pela cassação do mandato e inelegibilidade por oito anos da deputada e de todos os envolvidos.
Segundo o documento, o grupo de Helena “comprometeu gravemente a lisura do processo eleitoral”, usando “recursos financeiros e estrutura empresarial em favor de uma campanha local”.
A decisão final da Justiça Eleitoral poderá definir o destino político de um dos clãs mais poderosos do interior de Roraima.

O silêncio estratégico

Desde o parecer do MPE, a deputada não deu declarações públicas.
Fontes próximas afirmam que o núcleo familiar discute estratégias jurídicas para evitar uma decisão definitiva antes das eleições de 2026, apostando em recursos protelatórios e articulações partidárias no MDB nacional.

Editorial

De uma empresa de transporte familiar a um símbolo de poder político no interior de Roraima, o “clã Asatur” construiu sua influência com base em recursos, conexões e pragmatismo eleitoral. Agora, enfrenta o que pode ser o maior revés jurídico e moral de sua história — um escândalo que ameaça desmontar uma trajetória de domínio no vizinho estado de Roraima.

VEJA A DECISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 

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